Eu tinha vergonha, mas tinha mesmo uma profunda vergonha, nojo e desprezo por mim próprio, se me atrevesse a pensar sequer, mesmo que perdidamente embriagado, numa coisas destas.
António Saraiva diz que peso dos salários prejudica a competitividade.
Confesso que é difícil para mim, escrever este comentário sem cair no erro de ofender este senhor.
O salário mínimo é menos de 500 euros, que é mais ou menos o preço médio de um aluguer de um T2 nos arredores de Lisboa.
*** (momento de revolta que me impede de escrever mais sobre isto)
Recomendo uma lista de locais onde este “amigo” podia ser verdadeiramente feliz e ser um patrão à sua imagem:
-China, Índia, Iraque, Afeganistão,********, Sudão. Tudo boas terras onde pessoas como ele que acham que 500 euros é um salário muito alto deviam viver.
Gostei muito de o ouvir dizer que o Governo devia apostar em parcerias público-privadas. Esta corja adora parcerias público-privadas, o estado investe, paga e sustenta, nacionaliza o prejuízo e privatiza o lucro. Simplesmente perfeito. Aliás, o liberalismo em Portugal é isto (para grande infelicidade dos verdadeiros liberais), o estado só devia estar fora quando não interessa que esteja dentro, porque quando é para sustentar esta cambada, todos adoram o estado e os seus infinitos bolsos.
O problema de produtividade passa por 3 questões (não me vou alongar sobre elas):
-Demasiados impostos sobre as empresas e sobre as pessoas. Aqui reside o maior problema deste país.
-Patrões sem formação e sem capacidade para mandar até na própria casa. Comandar pessoas e organizações com sucesso, não é para quem quer. É para quem pode e para quem sabe.
-A questão cultural. Pausa para o café, pausa para o pequeno-almoço, pré-almoço, pós-almoço, lanche, pontes, demasiados feriados, etc, etc.
A questão dos salários nem se coloca, porque uma empresa, seja pequena, média ou grande, que não possa pagar 600 euros a um funcionário, não corre o risco de falir. Simplesmente já está falida. As empresas estão feitas para dar lucro, se é a quantia de 50 euros por cada funcionário, que pode ditar ou não o fecho da empresa. Então lamento informar, mas você dirige uma falência anunciada.
Já desabafei. Não escrevo mais nada hoje.
Gonçalo Gomes
Gonçalo Gomes
A Prisão do Farol 